Michele
Notícia atualizada em 05/01/2023
Recentemente, uma pesquisa apontou o prato japonês “karê”, famoso arroz com curry estilo japonês como escolhido como a “melhor comida tradicional do mundo” pela Taste Atlas.
O ramen também está entre eles. Saliento que foi feita a pesquisa ao redor do mundo, e entrou vários pratos brasileiros também. Essa escolha, não representa somente a força de uma comida mais simples, mas que também é afetiva, ou confortável, coisas que alguns críticos gastronômicos insistem em dizer que não passa de marketing. Em partes, concordo, na maioria eu discordo. Afinal, eu trabalho com comida afetiva e para mim esse é o diferencial do meu trabalho.
Para começar, o que se entende por comida afetiva ou “Comfort food”? Refere-se à comida que tem nostalgia, valor especial ou significado para alguém. Em suma, é um trabalho que traz memórias afetivas pela comida, pelo aroma, sabor e até mesmo uma simples louça pode trazer essas memórias, em forma de resgate sensorial e emocional.
Vamos voltar ao karê. O escolhido foi o prato de curry do restaurante Soup Curry & Dining Suage (Sapporo, Japão). Apesar de ser um prato do dia a dia dos japoneses, não é tão simples de se preparar. Porém os japoneses já criaram diversas formas de facilitar, e se tornou além de um prato rápido uma refeição barata e completa. O karê raisu (arroz com curry) japonês é composto pelo molho com acréscimo de carnes, legumes, arroz e outros. No Brasil provei na Liberdade um que além de muito bem servido vinha com ovo frito e isso me remeteu muito ao Japão, em especial aos obentô (marmita japonesa) que as mães preparavam aos filhos quando morei lá. Impossível não pensar em algo “afetivo”.
Um dos lugares que mais encontrei variedade de estilos de karê japonês para se fazer em casa no Brasil, foi na Daiso, franquia japonesa de produtos para casa, papelaria, pet, decoração e muitas coisas que facilitam nossas vidas.
Os formatos que mais indico são a pastilha de roux. Mas tem o curry em pó e os já prontos para consumo, basta aquecer. Esse roux parece algo bem moderno, porém surgiu após a guerra, em 1948. E foi introduzido na merenda escolar em todo Japão. Inclusive é o número 1 entre os estudantes japoneses até hoje.
A diferença entre os curry indianos tradicionais e os japoneses são grandes. O japonês geralmente tem um sabor bem característico, coloração mais escura, leve doçura do mel ou maçã e para mim, o que mais surpreende são os graus da pimenta. Geralmente nas embalagens e restaurantes tem alguns indicativos.
Além do molho cremoso ser servido com arroz, existem outras variações maravilhosas como: karê ramen, udon com karê, tonkatsu servido com molho karê, sopa de karê, kare-man (espécie de bolinho no vapor com sabor de karê), karepan (meu favorito) e muitas outras variações.
Minha aposta em tendências gastronômicas para 2023 será além do ramen, os pratos com karê (curry japonês). Em especial o “karê ramen”, que tem sido um grande diferencial nos meus cursos, e sempre agrada a todos que o preparam. Esse da foto da capa do meu livro foi feito por um aluno.
Aqui vou indicar alguns lugares para comer karê e pratos com karê em São Paulo e Curitiba.
São Paulo
Karê raisu (curry japonês)
Kyoto Restaurante e café
R. Thomaz Gonzaga, 45B – Liberdade, São Paulo
Espaço Kazu
R. Thomaz Gonzaga, 84/90 – Liberdade, São Paulo
Bodogami
Av. da Liberdade, 456 – Liberdade, São Paulo
Karepan (pãozinho frito recheado com curry)
89ºC Coffee Station
Praça da Liberdade, 169 – Liberdade, São Paulo – SP
Nandemoya café
R. Galvão Bueno, 451 – Liberdade, São Paulo
Curitiba
Restaurante A Dona Ai Japonese Home Cooking
R. Ferdinando Darif, 583 – Campina do Siqueira, Curitiba
Felicidades da Mô
R. Saldanha da Gama, 59 – Centro, Curitiba
Kare ya
R. Conselheiro Carrão, 928 – Alto da XV, Curitiba
Daiso Brasil
Lojas físicas consulte no site.
https://www.daiso.com.br/
Michele Dupont, conhecida como ramen girl, viveu alguns anos o Japão trabalhando somente com japoneses, onde teve imersão total a cultura e alimentação local, e se apaixonou por esse prato. Ao voltar ao Brasil, sentiu a necessidade de divulgar a culinária japonesa fora do circuito sushi sashimi, em especial a cozinha quente, os macarrões japoneses, carnes, gyudon, donburi e as comidas de izakaya que são os gastrobares ou botecos japoneses. Após concluir a faculdade de gastronomia, trabalhou como chef de cozinha em alguns restaurantes em Curitiba, atualmente ministra cursos de culinária japonesa em São Paulo e faz consultorias gastronômicas. Também, estuda pós-graduação em História da Alimentação. Escreveu o primeiro livro nacional sobre ramen, “Ramen receitas para Estrangeiros”, com receitas e algumas histórias de sua vida no Japão. De forma simples e de coração, com os olhos de uma ocidental, trabalhou as receitas com insumos que podemos encontrar com facilidade no Brasil. Também foi convidada pela Jetro São Paulo para apresentar o programa “Sabor do Japão” para a rede Bandeirantes no canal “Sabor e Arte da Band tv”, sobre macarrões japoneses e karê, em cápsulas passadas entre os programas, uma forma da Jetro divulgar a cultura alimentar japonesa. Participou de live e podcast com a Quickly Travel, Cônsul Takagi Masahiro (na época cônsul do Japão na região Sul), Live sobre macarrões japonês pela Jetro e podcast pelo Paladar Distinto. A convite da presidente do Comissão de Gastronomia do Bunkyo, faz parte da equipe voluntária. Recentemente recebeu um convite inusitado, apresentar pratos japoneses do dia a dia dos japoneses, para o público brasileiro, no programa da rede aberta Band TV com o Chef Edu Guedes, onde ensinou karaage, tonkatsu e yakissoba, assim mostrando outro lado da culinária japonesa, mais simples e acessível a todos. Atua na área como consultora gastronômica e professora de culinária japonesa.
Atualmente trabalha em São Paulo, com workshop, cursos e divulgação da gastronomia japonesa e restaurantes, voltada a todos os públicos, em especial ao público brasileiro para melhor compreensão da cultura alimentar japonesa, deixando de fácil acesso e entendimento sobre os sabores característicos do Japão, baseado em sua experiência de vida com imersão a cultura.
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