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[Curiosidades] História do Sorvete – Parte 1

Notícia atualizada em 25/01/2017

por Virgínia Brandão

Um dos alimentos mais consumidos no planeta, o sorvete, por incrível que pareça, surgiu muito antes da primeira geladeira. Sua origem é cheia de controvérsias e lendas, mas a versão mais aceita atribui sua autoria aos chineses, por volta de 1000 a.C, quando, talvez, algum cozinheiro criativo experimentou usar flocos de neve para produzir uma iguaria diferente. Animados com o resultado, ao longo dos séculos, foram experimentando…  Um outro resolveu colocar uma pasta de leite de arroz e especiarias na neve para que solidificasse, e por aí foi.

Alguns pesquisadores afirmam que foi Alexandre, o Grande (356-323 a.C.), rei da Macedônia, o introdutor do sorvete na Europa, trazendo do Oriente uma mistura de salada de frutas embebida em mel que era guardada em potes de barro enterrados no chão e mantidos frios com a neve do inverno. Outra corrente de pesquisadores atribui esse feito aos árabes, que teriam aperfeiçoado a receita chinesa com o desenvolvimento da técnica de incorporar a neve ao suco de frutas e ao mel. Até então, a receita primitiva apenas acrescentava os ingredientes à neve, produzindo algo muito semelhante às atuais “raspadinhas”. Turcos e árabes garantem que “sorvete” é uma palavra de origem árabe, procedente de sharbat, que significa “bebida fresca”.

O fato é que diversos registros comprovam o consumo do sorvete na Antigüidade. Babilônios, egípcios, gregos e romanos deliciaram-se com esta guloseima fria cuja preparação, entretanto, era muito complicada e cara, o que fazia do sorvete um prazer para poucos, só desfrutado por reis e pessoas privilegiadas da época. Exigia que se trouxesse neve do alto das montanhas, que ela fosse armazenada em buracos na terra revestidos de madeira onde o gelo era comprimido e coberto com palha para que se conservasse.

Marco Pólo também trouxe sorvete da China

Com a decadência da cultura antiga, entretanto, o consumo do sorvete se perdeu no tempo, até o final da Idade Média, época em que volta à cena por obra, dizem alguns historiadores, do mercador veneziano Marco Pólo que, em 1295, teria trazido da China, junto com o macarrão e o arroz, algumas receitas de sorvete à base de água, muito parecido com os atuais.

Outros autores acreditam que o sorvete tenha chegado à Itália pela Sicília, ao sul, trazida pelos árabes que dominaram a ilha no século 9.  Provavelmente, tenha acontecido das duas formas.

O que conta mesmo é que o sucesso foi total. Difundiu-se por toda a Itália, entre a realeza e a aristocracia italianas que logo adotaram os gelados de fruta como um prato de luxo, cujo preparo era considerado uma sofisticada arte. Através dos mestres sorveteiros italianos, que guardavam com extraordinário cuidado suas receitas, o conhecimento dos gelados difundiu-se lentamente pelas cortes européias, mantendo-se um privilégio exclusivo dos poderosos.

Chegou à França em 1533, com Catarina de Médici que, ao se casar com o rei francês Henrique II, levou em sua bagagem receitas e chefes de cozinha que lhe serviam, diariamente, sorvetes dos mais diversos sabores de frutas. A neta de Catarina de Médicis casou-se em 1630 com Carlos I da Inglaterra e, segundo a tradição da avó, também introduziu o sorvete entre os ingleses. Em Portugal, o sorvete chegou durante o período de dominação espanhola (1580-1640) e faziam sucesso as bebidas nevadas, embora fosse difícil e caro trazer neve da Serra da Estrela para a corte em Lisboa. Por volta de 1715, no reinado de D. João V, havia inúmeros fabricantes de sorvete na capital portuguesa.

Em 1550, Blasius Villafranca, físico espanhol radicado na cidade italiana de Florença, descobriu ser mais fácil congelar a mistura de suco de frutas e especiarias juntando azotato de potássio (salitre) à neve (técnica já conhecida dos chineses desde o século 12). Essa descoberta deu origem ao que poderia ser chamada de primeira sorveteira da História: dois recipientes de madeira  e estanho – um maior, dentro do qual se colocava a mistura de neve, sal e salitre, e outro menor, que recebia os ingredientes que, depois de batidos, virariam sorvete. Com este rudimentar equipamento e utilizando um método difícil, Villafranca acabou legando aos florentinos a honra de produzir os primeiros a sorvetes completamente solidificados da História e ampliaram a produção democratizando um pouco o consumo do produto.

Via : Cultura Gastronômica
Fotos : Reprodução

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