Notícia atualizada em 13/06/2023
Resumo de uma história de séculos. O lámen chegou ao Japão por volta de 1448. Em 1910, Kanichi Ozaki abre o primeiro ramen-ya japonês, o “Rairaiken” em Asakusa.
Devido ao Grande Terremoto de Kanto em 1923, lojas de ramen em Tóquio e Yokohama foram espalhadas por todo o país. O desastre foi um dos piores da história do Japão. Então, o número de barracas de comida (yatai) aumentou assim como as lojas especializadas. Após a guerra, barracas de lámen por repatriados da China apareceram em todo o país. Além de muitas pessoas aprenderem a fazer lámen (sua primeira nomenclatura foi sobá chinês), foi o alimento perfeito para o pós-guerra, quando os suprimentos eram escassos, pois era delicioso, acalentador e nutritivo feito com ingredientes baratos.
A Guerra do Pacífico terminou com o anúncio do imperador Showa da rendição do Japão em 15 de agosto de 1945, (segunda guerra mundial), porém a escassez de alimentos causadas pela guerra continuou no Japão por anos. A crise de autoridade no Japão, que resultou da derrota, produziu uma situação volátil em relação ao crime relacionado à alimentação. Onde já existia o mercado negro japonês, o fortalecendo. Quando os militares dos EUA ocuparam o Japão (1945-1952), os alimentos e bens básicos que os japoneses estocaram desapareceram, e então reapareceram com taxas exorbitantes nos mercados negros 闇市 (yami ichi), foi quando as casas de ramen reabriram “injetadas” com a farinha de trigo americana.
Nessa época, muitos japoneses enterravam os alimentos para esconder, como o kôme (arroz cru). E dizem que muitos dos alimentos fermentados ou em conservas surgiram nesse período.
Em 1980, teve mais um “boom” do ramen entrou em uma nova fase como um alimento da moda entre a nova geração de jovens. Como resultado, o ramen evoluiu para um mecanismo de venda, sendo eles pacotes turísticos, programas especiais de televisão, guias, livros de história e até uma bíblia do ramen, doramas, videogames e o icônico longa-metragem dedicado ao ramen (Tampopo). As produções de mídia dedicadas à apreciação do ramen coincidiram com o gradual desaparecimento de carrinhos (yatai) e pequenos restaurantes locais que serviam a sopa de macarrão nas cidades japonesas, dando lugar a grandes redes.
Atualmente, estamos em mais um “boom” do ramen. O que se resume, sobre o ramen, que é um “donburi” com macarrão, caldo e muita criatividade, e em primeiro lugar, é dizer que se tornou um alimento japonês influenciado por pratos de macarrão chineses. Entretanto, devido a ser um prato onde os cozinheiros podem expressar seu trabalho e ter sua liberdade de criar, pode ser considerado hoje uma cultura que evolui a cada dia, absorvendo a palatabilidade de global, e que não se limita mais à categoria exclusiva de comida tradicional japonesa. Enquanto houver pessoas que amam ramen, é emocionante pensar que um novo ramen está sendo criado em algum lugar do mundo hoje, por alguém apaixonado por esse prato com tanta história.
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Foto destaque: Shin-Yokohama Ramen Museum
Michele Dupont, conhecida como ramen girl, viveu alguns anos o Japão trabalhando somente com japoneses, onde teve imersão total a cultura e alimentação local, e se apaixonou por esse prato. Ao voltar ao Brasil, sentiu a necessidade de divulgar a culinária japonesa fora do circuito sushi sashimi, em especial a cozinha quente, os macarrões japoneses, carnes, gyudon, donburi e as comidas de izakaya que são os gastrobares ou botecos japoneses. Após concluir a faculdade de gastronomia, trabalhou como chef de cozinha em alguns restaurantes em Curitiba, atualmente ministra cursos de culinária japonesa em São Paulo e faz consultorias gastronômicas. Também, estuda pós-graduação em História da Alimentação. Escreveu o primeiro livro nacional sobre ramen, “Ramen receitas para Estrangeiros”, com receitas e algumas histórias de sua vida no Japão. De forma simples e de coração, com os olhos de uma ocidental, trabalhou as receitas com insumos que podemos encontrar com facilidade no Brasil. Também foi convidada pela Jetro São Paulo para apresentar o programa “Sabor do Japão” para a rede Bandeirantes no canal “Sabor e Arte da Band tv”, sobre macarrões japoneses e karê, em cápsulas passadas entre os programas, uma forma da Jetro divulgar a cultura alimentar japonesa. Participou de live e podcast com a Quickly Travel, Cônsul Takagi Masahiro (na época cônsul do Japão na região Sul), Live sobre macarrões japonês pela Jetro e podcast pelo Paladar Distinto. A convite da presidente do Comissão de Gastronomia do Bunkyo, faz parte da equipe voluntária. Recentemente recebeu um convite inusitado, apresentar pratos japoneses do dia a dia dos japoneses, para o público brasileiro, no programa da rede aberta Band TV com o Chef Edu Guedes, onde ensinou karaage, tonkatsu e yakissoba, assim mostrando outro lado da culinária japonesa, mais simples e acessível a todos. Atua na área como consultora gastronômica e professora de culinária japonesa.
Atualmente trabalha em São Paulo, com workshop, cursos e divulgação da gastronomia japonesa e restaurantes, voltada a todos os públicos, em especial ao público brasileiro para melhor compreensão da cultura alimentar japonesa, deixando de fácil acesso e entendimento sobre os sabores característicos do Japão, baseado em sua experiência de vida com imersão a cultura.
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