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Bar dos Cravos homenageia mulheres revolucionárias na nova carta

Foto: Tales Hidequi
Foto: Tales Hidequi

Bar de alta coquetelaria e cozinha portuguesa inaugurado há um ano muda pela primeira vez sua lista de coquetéis

O Bar dos Cravos, casa de influência portuguesa que em seu nome homenageia a revolução que pôs fim ao regime salazarista em Portugal, ganha uma nova leva de drinques, mais uma vez assinados pela mixologista Stephanie Marinkovic. Intitulada Mulheres Revolucionárias, a carta homenageia doze personalidades brasileiras, entre cantoras, escritoras, instrumentistas e mais.

A primeira, uma revolucionária em âmbito social e estrutural, Chica da Silva questionou o status-quo da elite branca durante o período colonial brasileiro. Seu coquetel-homenagem é o Ébano Ouro (R$ 58), drinque de cor preta, contrastante, altivo, marcante, intenso e poderoso. Servido em copo baixo, é composto por Bourbon em fat washing de gergelim preto tostado, blend de vermutes tintos, vermute seco e Angostura. Sua guarnição está no gelo, que contém uma folha de ouro, remetendo à nobreza e ao poder da mulher negra brasileira.

Maria Quitéria, ainda hoje considerada um símbolo de libertação, participou ativamente do processo de Independência da Bahia e foi a primeira mulher a tomar parte no Exército Brasileiro. Homenageada no Quitéria (R$ 52), um martini que mistura vodca de pistache obtida a partir de fat washing da pasta do fruto oleaginoso, gim, vermute seco e gotas de óleo de coentro, ela foi parte de revoluções políticas e libertárias de enorme importância para o país.

São exaltadas pela carta também a compositora e instrumentista Chiquinha Gonzaga (Abre Alas), a militante política e multi-artista Pagu (Palanque), a pintora, desenhista, ilustradora e escultora Tarsila do Amaral (Abaporu), a sambista Clementina de Jesus (Quelé), a cantora Elis Regina (Falso Brilhante), a poeta, ficcionista, cronista e dramaturga brasileira Hilda Hilst (Sacana), a escritora, atriz, apresentadora, colunista, roteirista e diretora Fernanda Young (Cafonas) e as cantoras Elza Soares (Põe Pimenta) e Rita Lee (Cor de Rosa Choque).

O Abre Alas (R$ 52) é marcante – amargo e doce simultaneamente. Como uma releitura do clássico Negroni, ele é servido em copo baixo e junta Campari, jerez fino, gim com fat washing de pipoca amanteigada e caramelizada, blend de vermutes tintos e xarope de pipoca.

O Palanque (R$ 49) é um coquetel herbal, aromático, refrescante e estimulante que mescla vodca, Cachaça dos Cravos, cordial de yuzu, jerez, vermute bianco, xarope de agave, mix de limões e é finalizado com um leque de chocolate branco com matchá para a guarnição.

Também bastante herbal e aromático é o Abaporu (R$ 48), uma releitura do Vesper Martini com alma brasileira. O drinque, que leva o nome da obra mais famosa de Tarsila e a qual inspirou a publicação do Manifesto Antropofágico por Oswald de Andrade, combina vodca com fat washing de gordura de coco, cordial de grapefruit e cordial de grapefruit com abacaxi, aperitivo lillet blanc e pérola salgada sobre folha de sálvia verde na finalização.

O Quelé (R$ 52), que recebe esse nome pois assim era chamada carinhosamente Clementina de Jesus (1901 – 1987), é tropical, refrescante e cítrico. Leva rum, triple sec, Frangelico, toffee de avelã, suco de limão e Angostura.

O Falso Brilhante (R$ 54) é inspirado em Elis Regina (1945 – 1982), a Pimentinha. Considerada por muitos a maior voz do Brasil, ganhou um coquetel à altura: cítrico, leve, floral e muito elegante, combina Brandy macieira, vodca, cordial de abacaxi com grapefruit, Angostura, bitter de cacau, cidra de cupuaçu e é finalizado com um brigadeiro da mesma fruta.

Uma grande amiga de Elis foi Rita Lee (1947 – 2023). As duas se aproximaram após uma visita de Elis à Rita enquanto a roqueira estava presa injustamente em 1976. Dali em diante, as duas permaneceram unidas. Assim como a Pimentinha, a Rainha do Rock é uma das inspirações para a nova carta do bar. Seu drinque, chamado Cor de Rosa Choque (R$ 20), tal qual sua música lançada em 1982, é frutado e deve ser bebido em uma única golada.

No campo da Literatura, as homenageadas são Hilda Hilst (1930 – 2004), com seu Sacana (R$ 38) – Cachaça dos Cravos, rum, suco de limão, bananada e creme de coco, e Fernanda Young (1970 – 2019), com Cafonas (R$ 44), um sour similar ao Fitzgerald que leva gim macerado com ismênia e gim Beefeater, vermute bianco, cordial de sunomono, xarope de flor de sabugueiro e bitter aromático. Para a guarnição, azeitona verde siciliana e pimenta-do-reino.

Já o coquetel cuja inspiração é Joelma, cantora nascida e criada no Pará conhecida por disseminar a música e cultura de seu estado natal pelo país, chama-se Cavalo Manco (R$ 38). Similar ao Moscow Mule, ele é preparado com a Cachaça dos Cravos, vodca, xarope de açúcar demerara e suco de limão. Refrescante, doce e herbal.

Além de Rita e Elis, são reverenciadas como revolucionárias da Música também Elza Soares (1930 – 2022) e Joelma. Põe Pimenta (R$ 52) é um tributo a uma das maiores expoentes da MPB e símbolo de resistência. Com sabores exóticos, picância e robustez de aromas e texturas, o coquetel de notas únicas tem como base a água do picles de pimenta-de-cheiro. A receita se completa com Bourbon macerado com bacuri e jerez fino. Servido em taça coupe, sua guarnição é picles de pimenta-de-cheiro.

Bar dos Cravos
Instagram: 
@bardoscravos

Informações
Endereço: R. Osório Duque Estrada, 41 – Paraíso, São Paulo – SP
Horário de funcionamento:
Segunda e terça das 18h às 00h.
Quarta e quinta das 18h às 01h.
Sexta e sábado das 18h às 02h.

Foto destaque: Tales Hidequi
Fonte: Estúdio Mascavo


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